“Mas Manoel... e o cheiro?”
“Acho que o gambá aguenta Maria.”
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Quadro O Fado, de José Malhoa
Dar nome aos gatos é assunto complicado
Não se trata de uma diversão de fim de semana;
Você pode pensar que estou louco de pedra
Se eu lhe disser que um gato deve ter três nomes diferentes.
Primeiro, há o nome que a família usa diariamente,
Como Pedro, Augusto, Alonso ou Jaime,
Como Vitor ou Jonatas, Jorge ou Beto Carreiro,
Todos nomes francamente comezinhos.
Há nomes mais elaborados
se você achar que soam mais agradáveis,
Alguns para cavalheiros, outros para damas:
Como Platão, Admeto, Eletra, Demétrio...
Mas todos nomes francamento comezinhos.
Mas eu lhes digo,
um gato precisa de um nome que lhe seja particular,
Um nome peculiar e mais digno,
De outro modo, como manterá a cauda ereta,
Como esticará os seus bigodes ou exaltará o seu orgulho?
De nomes assim posso lhes dar uma lista,
Como Munkustrap, Quaxo, ou Coricopat,
Como Bombalurina, ou Jellylorum...
Nomes que nunca pertenceram a mais de um gato.
Mas acima e além desses resta ainda um nome,
E esse nome você jamais ira adivinhar;
Um nome que nenhum pesquisador humano jamais descobrirá.
Mas o gato sabe, e jamais abrirá mão desse segredo.
Quando você notar um gato em meditação profunda,
A razão, eu lhes digo, é sempre a mesma:
Sua mente esta ocupada em absorta contemplação
Pensando, pensando, e pensando em seu nome:
Seu inefável efável
Efainefável,
Profundo e inescrutável nome singular.